segunda-feira, 30 de setembro de 2013

João XXIII e João Paulo II serão canonizados conjuntamente a 27 de abril de 2014, II domingo da Páscoa, domingo da Divina Misericórdia



O Papa Francisco presidiu esta manhã, às 10 horas, no Vaticano, a um Consistório ordinário público no Vaticano com os cardeais presentes em Roma, para aprovar as causas de canonização de João Paulo II e João XXIII, estabelecendo que tal tenha lugar a 27 de abril de 2014. Trata-se do segundo domingo do tempo pascal, Domingo da Divina Misericórdia, celebração instituída por João Paulo II e na véspera da qual ele próprio faleceu, em 2005.

Recordamos que em fins de julho, na viagem de regresso do Brasil o Papa justificou a decisão de juntar no mesmo dia a canonização dos seus dois predecessores: "Fazer a cerimónia de canonização dos dois juntos quer ser uma mensagem para a Igreja: estes dois são bons, eles são bons, são dois bons".O Papa reconheceu oficialmente um segundo milagre de João Paulo II em julho, depois de ter recebido o parecer favorável da Congregação para as Causas dos Santos, o que vai permitiu avançar com a canonização do beato polaco. No mesmo dia, o Santo Padre aprovou a canonização de João XXIII, falecido há 50 anos, após ter recebido o parecer favorável da Congregação para as Causas dos Santos, dispensando o reconhecimento de um novo milagre.


João Paulo II foi proclamado beato por Bento XVI a 1 de maio de 2011, na Praça de São Pedro. A Igreja celebra a memória litúrgica de João Paulo II a 22 de outubro, data do início de pontificado de Karol Wojtyla, em 1978, pouco depois de ter sido eleito Papa.Por sua vez, João XXIII foi declarado beato pelo Papa João Paulo II, a 3 de setembro de 2000. A sua celebração litúrgica tem lugar a 11 de Outubro, data da abertura do Concílio Vaticano II, por ele convocado.
O último Consistório público ordinário tinha tido lugar a 11 de fevereiro passado, durante o qual Bento XVI apresentou a sua renúncia pontificado.

Fonte: Vatican.News

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Aos comunicadores católicos, Francisco pede que transmitam calor e levem ao encontro com Cristo!


 O Papa Francisco recebeu na manhã de (21) sábado os participantes da Plenária do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais (PCCS), que se encerra hoje no Vaticano, sobre o tema “A rede e a Igreja”.
Em seu discurso, o Papa falou da importância da comunicação para a Igreja, recordando de modo especial os 50 anos da aprovação do Decreto Conciliar Inter mirifica. Nas últimas décadas, analisou, os meios de comunicação evoluíram muito, mas a solicitude permanece, assumindo novas sensibilidades e formas.

Pouco a pouco o panorama da comunicação foi-se tornando, para muitos, um «ambiente de vida», uma rede onde as pessoas comunicam, alargam as fronteiras dos seus conhecimento e das suas relações. Sublinho sobretudo estes aspectos positivos, apesar de todos estarmos cientes dos limites e fatores nocivos que também existem.

Neste contexto, independentemente das tecnologias, a comunicação na Igreja deve ter como objetivo inserir-se no diálogo com os homens e as mulheres de hoje, para compreender as suas expectativas, dúvidas, esperanças.

São homens e mulheres por vezes um pouco desiludidos por um Cristianismo que lhes parece estéril, com dificuldade precisamente em comunicar de forma incisiva o sentido profundo que a fé dá. Com efeito, analisou o Pontífice, assistimos hoje, na era da globalização, a um aumento da desorientação, da solidão, a dificuldade em tecer laços profundos. Assim, é importante saber dialogar, entrando, com discernimento, também nos ambientes criados pelas novas tecnologias, nas redes sociais, para fazer emergir uma presença que escuta, dialoga, encoraja.

“Não tenhais medo de ser esta presença, afirmando a vossa identidade cristã ao fazer-vos cidadãos deste ambiente. Uma Igreja companheira de estrada sabe pôr-se a caminho com todos!”, encorajou o Pontífice
Esta presença é necessária para levar ao encontro com Cristo. A Igreja é capaz disto?, questionou o Papa. “Também aqui no contexto da comunicação, é preciso uma Igreja que consiga levar calor, inflamar o coração. Temos um precioso tesouro para transmitir, um tesouro que gera luz e esperança. E há tanta necessidade disso!”, afirmou, alertando para uma cuidadosa e qualificada formação de sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos.


Queridos amigos, é importante a atenção e a presença da Igreja no mundo da comunicação, para dialogar com o homem de hoje e levá-lo ao encontro de Cristo, na certeza, porém, de que somos meios e que o problema fundamental não é a aquisição de tecnologias sofisticadas, embora necessárias para uma presença atual e válida. Esteja sempre bem claro em nós que o Deus em quem acreditamos, um Deus apaixonado pelo homem, quer manifestar-Se através dos nossos meios, ainda que pobres, porque é Ele que opera, é Ele que transforma, é Ele que salva a vida do homem.

Fonte: Vatican.News

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

TRIBUNAL ECLESIÁSTICO E OS PROCEDIMENTOS DA NULIDADE MATRIMONIAL


Você sabe que, para administrar a justiça, existem no Brasil juízes, que atuam no fórum. E que, quando alguém não está de acordo com a sentença do juiz, pode apelar para o Tribunal de Justiça do Estado e, mais tarde, até o Supremo Tribunal Federal. Pois bem, a Igreja católica também tem uma organização própria da justiça. Só que nas causas de declaração de nulidade do matrimônio, normalmente, o primeiro julgamento já é feito perante um tribunal de três juízes.
Poderiam existir tribunais desse tipo em todas as dioceses. Mas como no Brasil falta pessoal especializado, os tribunais eclesiásticos funcionam, de fato, unicamente nas sedes Regionais da CNBB, ou seja, em Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, São Luís, Teresina, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, FIorianópolis, Porto Alegre, Goiânia e Campo Grande. Existem tribunais também em Campinas, Aparecida, MARINGÁ, Sorocaba, Vitória e Brasília, que não são sedes regionais da CNBB.
Nas dioceses onde não há tribunal eclesiástico, deve haver uma pessoa encarregada dos assuntos da justiça da Igreja e de encaminhar, quando for o caso, os processos ao tribunal. Essa pessoa se chama "Vigário Judicial". Por isso, se você mora muito longe das cidades indicadas acima, não precisa, no primeiro momento, fazer uma viagem até lá. Basta que se apresente na cúria diocesana, ou seja, onde funcionam os escritórios do seu bispo. Aí vai encontrar alguém que pode ajudar a apresentar o seu caso.

QUEM FORMA PARTE NO TRIBUNAL ECLESIÁSTICO REGIONAL?

Mesmo que você não tenha de tratar com todas as pessoas do Tribunal, é bom que saiba quem são elas e qual a sua função, porque, durante o processo, vai escutar, várias vezes, esses nomes.
Cada Tribunal tem um presidente, que também se chama "vigario judicial", porque representa os bispos da região nos julgamentos. Embora teoricamente os bispos, pelo seu próprio cargo, tenham também a função de juízes, de fato, nos casos confiados aos tribunais eclesiásticos, não atuam como tais. Por isso, o presidente faz as vezes deles.
Além do presidente, existem outros juizes. As causas ordinárias de declaração de nulidade do matrimônio são julgadas por um tribunal de três juízes. No Brasil, está permitido que, junto com dois sacerdotes ou diáconos, atue também um juiz leigo. Para cada tribunal pode haver um número variável de juízes adscritos: três, quatro, cinco... Por isso, quando se apresenta uma petição de declaração de nulidade do matrimônio, é necessário formar um turno, ou seja, dizer quais são exatamente os três juizes que vão julgar esse caso. Um deles será presidente do turno, que não se deve confundir com o presidente do tribunal.
Existe também uma figura pouco simpática para quem pretende que seu matrimônio seja declarado nulo. Trata-se do defensor do vínculo. Seu papel consiste em argumentar, sempre que possível, em favor da validade do matrimônio. Vai ser, portanto, o adversário de quem pretenda a nulidade. Mas não exageremos as coisas. Ele tem de "expor tudo o que razoavelmente possa ser aduzido contra a nulidade" (cân. 1432). Por isso, em certos casos acaba por dizer que não tem nada que alegar.
Nos tribunais eclesiásticos, existe também o promotor da justiça, que equivale ao "procurador" ou "promotor público" do direito civil. Representa o bem público, ou seja, o bem da Igreja enquanto instituição. Por isso, a sua atuação é obrigatória sempre que esse bem público está comprometido num julgamento concreto. Mas também por isso raramente atua nas causas matrimoniais.
No tribunal, você vai encontrar o notário, que entre nós é chamado também secretário. Qual é a sua função? Redigir e assinar todos os documentos dos processos. Essa assinatura é tão importante que, sem ela, os documentos carecem de valor legal. O notário é, portanto, além de secretário, também "tabelião". Como é lógico, quando um tribunal tem muito trabalho, pode haver vários notários que atuem nele.
Finalmente, nos tribunais eclesiásticos, aparecem também os advogados e os procuradores. O advogado é o conselheiro jurídico de uma das partes. Por isso, a ele corresponde sugerir que seja interrogada uma testemunha concreta, ou que se peça o parecer de alguns peritos. Também tem de redigir e apresentar os arrazoados em favor do seu cliente. O Código de Direito Canônico também chama o advogado com o nome de "patrono", porque "patrocina" a causa de uma das partes. Por seu turno, o procurador é a pessoa que representa uma das partes para realizar certos atos, como receber notificações oficiais, pedir que o juiz decida um ponto particular, etc. Normalmente, nos tribunais eclesiásticos, o advogado assume também o papel de procurador. Em cada tribunal, deve existir uma lista de advogados aprovados para atuar nele. Quando alguma pessoa se apresenta querendo iniciar um processo de declaração de nulidade de seu matrimônio, o secretário do tribunal ou a pessoa encarregada da recepção deve entregar-lhe essa lista, a fim de que possa escolher aquele que achar mais conveniente. Embora seja muito útil o auxílio de um advogado, sobretudo na fase final do processo, quando as provas já foram reunidas e é necessário apresentar uma boa argumentação, contudo, nos processos de declaração de nulidade do matrimônio, não há obrigação estrita de nomeá-lo. O mais comum é que o demandante, quer dizer, aquele que apresenta o pedido ao tribunal, indique formalmente seu advogado. Pelo contrário, o demandado, ou seja, o outro cônjuge, quase nunca tem um. Se você está querendo iniciar um processo e conhece uma pessoa - padre ou leigo(a) - em quem confia e que estudou o suficiente direito canônico para poder levar adiante seu caso, poderia pedir ao tribunal que essa pessoa fosse admitida a desempenhar a tarefa de advogado, mesmo que não conste previamente da lista oficial.

POSSO APRESENTAR MEU PEDIDO EM QUALQUER TRIBUNAL ECLESIÁSTICO?
Não, não pode. Você, porém, pode escolher entre o tribunal correspondente ao lugar da celebração de seu casamento ou ao lugar onde está atualmente residindo seu marido ou sua mulher. Além disso, com licença do presidente do último tribunal citado, também poderia ser feito o processo perante o tribunal correspondente a sua própria residência. E ainda, obtendo uma licença prévia dos outros tribunais interessados, no lugar onde devem ser recolhidas a maior parte das provas, por exemplo, onde mora a maioria das testemunhas. O seu advogado lhe poderá explicar isto um pouco melhor e encaminhar, se for o caso, os pedidos de licença necessários.

A PETIÇÃO INICIAL OU "DEMANDA"
Como dizíamos anteriormente, você tem de dar o primeiro passo, se realmente chegou à conclusão de que a única saída é pedir a declaração de nulidade de seu matrimônio.
Para isso, tem de apresentar ao tribunal correspondente a sua petição ou "demanda", ou seja, tem de manifestar claramente o que você quer. Essa petição se faz obrigatoriamente por escrito. O Código dá a esse escrito o nome de "libelo introdutório da causa", ou simplesmente libelo. Como redigi-lo? Se você já escolheu um advogado ou se o seu pároco ou um outro sacerdote estão dispostos a ajudá-lo, a sua tarefa pode ficar facilitada. Mas a coisa não é tão difícil e você mesmo poderia também fazê-lo. No modelo de processo que se encontra no fim do livro, você vai achar um exemplo de libelo.
No escrito de demanda, comece por indicar a que tribunal se dirige. Depois dê os dados pessoais dos dois: os seus e os de seu marido ou mulher. Não esqueça de colocar claramente onde ele ou ela está morando. Se não sabe, procure pesquisar previamente. A falta desse dado pode atrasar desnecessariamente o andamento do processo. Tente depois descrever brevemente a história do seu casamento: como vocês se conheceram e chegaram à decisão de casar; onde e como foi a cerimônia; como transcorreu o tempo de convivência; quando e como começaram os desentendimentos; por que se separaram; qual é a situação atual dos dois. Não precisa dar muitos pormenores. Você será posteriormente interrogado e então poderá falar tudo o que quiser.
Após a descrição dos fatos, tente argumentar, ou seja, diga qual é a causa ou causas por que você pensa que o seu casamento foi nulo. Reveja, para isso, os vinte e cinco possíveis motivos que foram expostos nos capítulos II e III deste livro. Indique também, muito resumidamente, as provas de que você pensa dispor: lista de testemunhas, com endereço completo; cartas ou outros documentos; pareceres de médicos e psiquiatras etc. Não se preocupe se no libelo esqueceu de colocar alguma testemunha que seria muito importante Durante o processo, poderá alegar outras provas.
A parte final do libelo é a petição, no sentido estrito. Ou seja, termine dizendo que, em vista dos fatos descritos e das disposições do Código de Direito Canônico que se aplicam ao caso, pede que o tribunal, mediante o processo correspondente, declare nulo o seu matrimônio. Coloque, então, a data e assine.
No próprio libelo, ou num escrito à parte, você pode nomear advogado e procurador. É bom que a mesma pessoa desempenhe os dois ofícios. Se você, com o consentimento do tribunal, já fez essas nomeações anteriormente, então o libelo pode ir assinado pelo seu procurador e não necessariamente por você.
Entregue o libelo na secretaria do Tribunal Eclesiástico Regional (TER), junto com uma certidão do seu casamento religioso. É muito conveniente também, embora não estritamente necessário, que se já fez separação judicial ("desquite") ou divórcio, entregue cópia das sentenças civis correspondentes. É bom que você peça recibo da entrega do libelo, com data, porque assim poderá reclamar, se o tribunal não cumprir os prazos legais.

OS PRIMEIROS PASSOS DO TRIBUNAL
Uma vez recebido o libelo, o presidente do Tribunal Eclesiástico Regional deve designar o turno, ou seja, dizer concretamente quais são os três juizes que vão julgar o seu caso. Como dissemos anteriormente, um deles será o "presidente do turno". Normalmente, ele assume também a função de "ponente", ou seja, encarregado de, no momento oportuno, redigir a sentença.
O novo Código não diz nada sobre isso, mas cremos que é muito oportuno continuar com a prática anteriormente existente de pedir uma opinião prévia, sobre os casos de nulidade matrimonial, ao pároco da parte demandante, ou seja, da pessoa que apresentou o libelo. O secretário do tribunal é quem vai escrever a carta correspondente, por mandato do presidente do turno.

O mesmo presidente, lendo atentamente o libelo, vai decidir se o caso é tão complicado que exige, já desde o início, ser apreciado pelo "colegiado", ou seja, pela reunião dos três juízes do turno. Na maior parte das vezes, porém, ele sozinho dará a primeira decisão: aceitar ou rejeitar o libelo. Para isso, devem ser examinadas quatro coisas:
Se o tribunal é competente para atuar nesse processo;
Se a pessoa que pede a declaração de nulidade tem, de acordo com o direito, capacidade para fazer isso;
Se no libelo constam os dados necessários;
Se do libelo se pode deduzir que há algum fundamento jurídico naquilo que se pede.
Se se cumprem essas quatro condições, o libelo deve ser aceito; caso contrário, deve ser rejeitado. É claro que se a falha consistir em algo que pode ser imediatamente reparado (como seria, ter omitido o nome e domicílio do demandado), é permitido redigir um novo libelo, incluindo os dados que faltavam.
Se o libelo for rejeitado, você pode ainda apelar, ou seja, reclamar a uma autoridade superior: ao colegiado, se a rejeição foi um ato pessoal do presidente do turno; ao tribunal de apelação, se foi decretada pelo colegiado.

Quando passam inutilmente trinta dias desde que você entregou o libelo na secretaria do tribunal, pode reclamar. E se, apesar da reclamação, passarem mais dez dias sem que haja nenhuma decisão, fique tranquilo: o seu libelo está automaticamente aceito, por disposição da própria lei.

A "CITAÇÃO"
A aceitação do libelo não significa que o tribunal já reconheça a nulidade do seu casamento. Trata-se apenas de um passo prévio: o seu caso foi considerado sério e digno de ser examinado atentamente.
No próprio decreto de aceitação do libelo, o presidente do turno deve mandar que as partes (você, "demandante", e seu cônjuge, "demandado") sejam citadas, a fim de determinar claramente qual é o ponto que vai ser discutido ao longo do processo. Porque não basta dizer que do que se trata é de ver se o matrimônio foi nulo ou válido; é necessário também acertar claramente qual é o motivo que se alega para a nulidade; ainda mais, deve constar também se o demandado está de acordo ou não com esse motivo alegado.

A citação não significa que você vai ter de encontrar-se, face a face, com o seu marido ou com a sua mulher. O que se faz é mandar um escrito às duas partes indicando que o libelo foi aceito. Para o demandado, como é lógico, envia-se cópia ou, pelo menos, um resumo do libelo. Além disso, indica-se que as partes têm o prazo de quinze dias para pedir, se o desejarem, uma sessão oral, para determinar o ponto controverso, quer dizer, o motivo exato que se alega para a nulidade do casamento.
Desde o momento em que você e a outra parte recebem a comunicação da citação, começa oficialmente o processo.


Fonte: Livro "CASAMENTOS QUE NUNCA DEVERIAM TER EXISTIDO", p. 29-35.,

Link: Texto

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Papa Francisco encontra o clero de Roma: "Ouso dizer: a Igreja nunca esteve tão bem como hoje"


“Mesmo agora que sou Papa me sinto ainda um sacerdote”. Esta é uma das passagens chaves do diálogo que o Papa Francisco teve, na manhã desta segunda-feira, com os sacerdotes da Diocese de Roma, a sua Diocese, reunidos na Basílica São João de Latrão. A acolher o Papa, 20 minutos antes do previsto, foi o Cardeal Vigário Agostino Vallini, que na sua saudação comentou que este encontro foi programado pelo novo Bispo de Roma, logo após ter sido eleito.

“O que é o cansaço para um Sacerdote, para um Bispo e mesmo para o Bispo de Roma?” O Papa Francisco desenvolveu o seu pronunciamento introdutivo, detendo-se neste questionamento. E confiou que a inspiração lhe veio após ler a carta enviada por um sacerdote idoso, que justamente lhe falava sobre este cansaço, um “cansaço no coração”. “Existe – disse o Papa – um cansaço do trabalho e isto todos conhecemos. Chegamos de noite, cansados de trabalhar e passamos diante do Tabernáculo para saudar o Senhor. Sempre – advertiu – é necessário passar pelo Tabernáculo”:

Quando um sacerdote está em contato com o seu povo, se cansa. Quando um padre não está em contato com o seu povo, se cansa, mas mal e para dormir deve tomar um comprimido, não? Ao invés disso, aquele que está em contato com o povo – que de fato o povo tem tantas exigências, tantas exigências! Mas são as exigências de Deus, não? – este cansa realmente e não tem necessidade de tomar comprimidos”.
Existe, porém, um “cansaço final” – prosseguiu Francisco – que se vê antes do “crespúsculo da vida” onde “existe a luz escura e o escuro um pouco luminoso”. É “um cansaço que vem no momento em que deveria existir o triunfo”, mas ao invés disto “vem este cansaço”. Isto – afirmou – acontece quando “o sacerdote se questiona sobre sua existência, olha para trás, ao caminho percorrido e pensa nas renúncias, aos filhos que não teve e se pergunta se não errou, se a sua vida “falhou”. É justamente sobre o “cansaço do coração” de que o sacerdote escrevia na carta.

O Papa citou então, o cansaço em tantas figuras bíblicas, de Elias a Moisés, de Jeremias até João Batista. Este último, afirmou, na “escuridão da prisão” vive o “escuro de sua alma” e manda os seus discípulos perguntarem a Jesus se Ele é realmente aquele que estão esperando. O que pode fazer então um sacerdote que vive a experiência de João Batista? Rezar, “até dormir diante do Tabernáculo, mas estar ali”. E depois “procurar a proximidade com os outros padres, e sobretudo, com os bispos”:

Nós, Bispos, devemos ser próximos aos sacerdotes, devemos ser caridosos com o próximo e os mais próximos são os sacerdotes. Os mais próximos do Bispo são os sacerdotes. (aplausos). Vale também o contrário, eh! (risos e aplausos): o mais próximo dos padres deve ser o bispo, o mais próximo. A caridade para com o próximo, o mais próximo é o meu bispo. O Bispo diz: os mais próximos são os meus padres. É bonita esta troca, não? Isto, acredito, é o momento mais importante da proximidade, entre o bispo e os sacerdotes: este momento sem palavras, porque não existem palavras para este cansaço”.
A partir deste ponto, iniciou-se o diálogo do Papa Francisco com os sacerdotes, aos quais pediu para sentirem-se livres para perguntar qualquer coisa. Respondendo à primeira pergunta, o Papa Francisco disse que no serviço pastoral, não deve se “confundir a criatividade com fazer alguma coisa nova”. A criatividade – afirmou – “é buscar o caminho para que o Evangelho seja anunciado” e isto “não é fácil”. Criatividade “não é somente mudar as coisas”. É uma outra coisa, vem do Espírito e se faz com a oração e se faz falando com os fiéis, com as pessoas. O Papa, então, recordou uma experiência vivida quando era Arcebispo de Buenos Aires. Com um sacerdote, disse, procurava entender como tornar a sua igreja mais acolhedora:
Ah, se passa tanta gente aqui, talvez seria bonito que a igreja ficasse aberta durante todo o dia...Boa idéia! Também seria bonito que tivesse sempre um confessor à disposição, alí...Boa idéia! E assim foi”.

Esta – acrescentou – é uma ‘corajosa criatividade’. Também em relação aos cursos em preparação ao Batismo “é necessário superar o obstáculo dos pais e das mães que trabalham toda a semana e no domingo gostariam de repousar”. Então, é necessário “buscar novos caminhos”, como uma “missão no bairro” promovida pelos leigos. E esta é a “conversão pastoral”. A Igreja, “também o Código de Direito canônico nos dá tantas, tantas possibilidades, tanta liberdade para buscarmos estas coisas”. É necessário – destacou – procurar os momentos de acolhida, quando os fiéis devem ir à paróquia por um motivo ou outro. E criticou severamente quem, numa paróquia, está mais preocupado em pedir dinheiro por um certificado que pelo Sacramento e assim “afastam as pessoas”. É necessário, ao invés disto, “a acolhida cordial”: “que aquele que venha à igreja se sinta como na sua casa. Se sinta bem. Que não se sinta explorado”:
“Um sacerdote, uma vez – não da minha Diocese, de uma outra -, me dizia: ‘Mas, eu não faço pagar nada, nem mesmo as intenções da Missa. Tenho alí uma caixa e eles deixam aquilo que querem. Mas Padre: tenho quase o dobro do que tinha anteriormente. Porque as pessoas são generosas, e Deus abençoa estas coisas’.
“Se, ao invés disto, a pessoa vê que existe um interesse econômico, então se afasta”, observou Francisco. O Papa então, respondeu a quem lhe perguntava como ele se define agora, visto que, como Arcebispo de Buenos Aires, gostava definir-se simplesmente como ‘sacerdote’:

“Mas, eu me sinto padre, é sério. Eu me sinto padre, sacerdote, é verdade, bispo...Me sinto assim, não? E agradeço ao Senhor por isto. (aplausos) Teria medo de sentir-me um pouco mais importante, não? Isto sim, tenho medo disto, pois o diabo é esperto, eh!, é esperto e te faz sentir que agora tu tem poder, que tu pode fazer isto, que tu podes fazer quilo...mas sempre girando, girando em volta, como um leão – assim diz São Pedro, não! Mas graças a Deus, isto não perdi, ainda, não? E se vocês virem que eu perdi isto, por favor, me digam e se não puderem me dizer privadamente, digam publicamente, mas digam: ‘Olha, converta-te!’, porque está claro, não?” (aplausos)|
Após, o Santo Padre falou sobre os sacerdotes misericordiosos. Um padre enamorado – disse – deve sempre recordar-se do primeiro amor, de Jesus, “retornar àquela fidelidade que permanece sempre e nos espera”. Para mim, isto é “o ponto-chave de um sacerdote enamorado: que tenha a capacidade de voltar à recordação do primeiro amor”. E acrescentou: “uma Igreja que perde a memória, é uma Igreja eletrônica: não tem vida”. Assim, é necessário guardar-se dos padres rigorosos e negligentes. O sacerdote misericordioso – afirmou – é aquele que diz a verdade mas acrescenta: “Não te apavores, o Deus bom te espera, Caminhemos juntos”. A isto acrescentou: “devemos tê-lo sempre sob os olhos: acompanhar. Ser companheiros de caminho”. “A conversão sempre se faz assim – disse – a caminho e não no laboratório”.


“A verdade de Deus é esta verdade, digamos assim dogmática, para dizer uma palavra, ou moral, mas acompanhada do amor e da paciência de Deus, sempre assim”.
“Na Igreja – acrescentou - existem certos escândalos mas também tanta santidade e esta é maior. E existe também esta “santidade cotidiana”, escondida, “aquela santidade de tantas mães e de tantas mulheres, de tantos homens que trabalham todo o dia pela família”. Palavras estas acompanhadas de um encorajadora convicção:
“Eu ouso dizer que a Igreja nunca esteve tão bem como hoje. A Igreja não cai: estou seguro disto, estou seguro!”

O Papa então, voltou ao tema das periferias existenciais, retomando as suas palavra sobre “conventos vazios” e a generosidade para com os mais necessitados. Por fim, refletiu sobre o tema da família, e em particular sobre a delicada questão da nulidade dos matrimônios e sobre as segundas uniões. Um problema – recordou – que Bento XVI tinha no seu coração. “O problema – disse – não pode ser reduzido à questão do fazer a comunhão ou não, porque quem coloca o problema somente nestes termos não entende qual é o verdadeiro problema”.


“É um problema grave” – observou - “de responsabilidade da Igreja em relação às famílias que vivem esta situação”. A Igreja – afirmou ainda – neste momento deve fazer alguma coisa para resolver os problemas das nulidades matrimoniais. Um tema sobre o qual falará com o grupo dos 8 Cardeais que se reunirão nos primeiros dias de outubro, no Vaticano. E será tratado também no próximo Sínodo dos Bispos, pois é uma verdadeira periferia existencial” Por fim, o Papa Francisco recordou que no próximo 21 de setembro recorre o 60º aniversário de sua vocação ao sacerdócio. (JE)

FONTE: Vatican.News

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Pe. Federico Lombardi analisa os primeiros seis meses de Pontificado de Francisco

O Papa Francisco completa esta sexta-feira seis meses de Pontificado.
Eleito no Conclave em 13 de março, a Missa de início de Pontificado foi em 19 de março. A Rádio Vaticano entrevistou seu Diretor-Geral, Pe. Federico Lombardi, que também é Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.
RV: Padre Lombardi, para usar o método do Papa Francisco: quais são as três principais novidades deste pontificado?
R: “Eu diria que a primeira novidade é o nome, que me tocou desde o início: Francisco, um nome certamente novo; nenhum Papa antes dele o havia usado. E, com o nome de Francisco, existe a sua explicação, dada pelo próprio Papa: “pobres, paz, custódia da Criação”. E temos já visto – ao menos sobre pobres e a paz – que verdadeiramente são marcas fundamentais deste Pontificado. Também de extrema atualidade, como nas últimas semanas, este empenho extremamente corajoso pela paz no Oriente Médio. Após, uma segunda novidade me parece ser o fim do eurocentrismo da Igreja, isto é, o fato de que temos um Papa latino-americano. Na realidade, isto se vê num sentido positivo, de ampliação dos horizontes: vimos isto em particular no decorrer da Jornada Mundial da Juventude, em que vimos o Papa no seu continente de proveniência e aprendemos que também seu estilo é pastoral, o seu modo de relacionar-se direto, com as pessoas, a sua linguagem muito simples...Também os seus temas de atenção à pobreza e assim por diante, vem de um contexto eclesial muito rico, com uma grande tradição, que agora vem ao coração da Igreja com uma força e uma presença maior. Todos os Papas foram “universais”, foram Papas que tiveram o mundo no coração, então, não é que fossem “parciais”. Porém, eu acredito que se percebe o fato que a escolha de um Papa que vem de outro continente, efetivamente traz alguma coisa de específico no estilo, na perspectiva e é alguma coisa desejada pela Igreja universal, desejado pelos Cardeais e nós apreciamos isto, como um enriquecimento ulterior no caminho da Igreja universal. Depois, se devo dizer uma terceira característica, me parece aquela de missionaridade. O Papa Francisco fala muito de uma Igreja não auto-referencial, de uma Igreja de missão, de uma Igreja que olha para além de si mesma e a todo o mundo. A mim, veio em mente a belíssima Carta de João Paulo II no final do Jubileu, Duc in altum, dirigida à Igreja do terceiro milênio. Assim, me parece que efetivamente, com o Papa Francisco, a barca da Igreja esteja viajando, sem medo, antes, com alegria de poder encontrar o mistério de Deus em novos horizontes”.
RV: O Papa está despertando muito os cristãos, às vezes também com palava fortes, e está aproximando muito os distantes....
R: “Sim…Digamos que o seu estilo, a linguagem direta do Papa, as suas atitudes, também as novidades do seu estilo de vida, tocam em profundidade e suscitam um grande interesse, um grande entusiasmo. Eu, porém, acredito e espero que o motivo fundamental deste interesse seja profundo, seja o fato de que o Papa insiste muitíssimo sobre um Deus que ama, um Deus de misericórdia, um Deus sempre pronto a perdoar a quem se dirige a Ele com humildade. E com isto, me parece que toque o homem em profundidade – o homem, as mulheres do nosso tempo – que ele sabe o quanto, frequentemente, são feridos: são feridos por tantas experiências difíceis, por tantas frustrações, por tantas injustiças, por tanta pobreza e marginalização no mundo de hoje. Assim, então, este falar com tanta eficiência e este saber comunicar também através das palavras e dos gestos, em modo assim direto, que o amor de Deus é para todos, e a proximidade, o interesse humano, a ternura – é uma outra palavra entre aquelas que agradam muito a este Papa e que são a expressão do seu modo de ser – seja qualquer coisa que toque e mova em profundidade as pessoas, todas: crentes e não crentes. Porque todas as pessoas humanas são amadas por Deus, são verdadeiramente as pessoas a quem é dirigida esta grande mensagem do amor de Deus e do amor de Cristo. Então, para todas, fala quando é dito na sua verdade, na sua concretude e na sua proximidade ao coração do homem”.
RV: Este pontificado está suscitando grandes expectativas. O que devemos esperar nos próximos meses?
R: “Bem… eu não sou um profeta. Sabemos, para falar de coisas muito simples, que o Papa nos próximos meses tratará de temas que dizem respeito ao governo da Igreja, consultando os seus colaboradores: quer os colaboradores da Cúria Romana, como fez nos dias passados, quer os Cardeais, como fará também no mês de outubro, com os Cardeais que ele escolheu e que vem de diversas partes do mundo. Porém, honestamente, eu não gostaria que se supervalorizasse o aspecto da reforma de estrutura, que diz respeito um pouco à instituição. O que conta é o coração da reforma perene da vida da Igreja e neste sentido Papa Francisco, certamente, com o exemplo, com a sua espiritualidade, com a sua atitude de humildade e de proximidade, quer tornar-nos próximos a Jesus, quer dar-nos uma Igreja que caminha próxima à humanidade de hoje, em particular à humanidade que sofre e que mais tem necessidade da manifestação do amor de Deus. Então, esta Igreja a caminho, capaz de ser solidária, acompanha a humanidade que caminha. Isto, eu acredito, nós podemos e devemos esperar através de tantos sinais, tantas decisões. Nestas últimas semanas tivemos a grande temática da paz, por quem sofre das tensões e das guerras, mas podemos ter tantas outras: temos o tema da proximidade aos refugiados, da proximidade às diversas formas de marginalização e assim por diante. Assim, deixemos que o Senhor nos conduza. O Papa não é alguém que pensa ter em mãos a projeção organizativa da história. O Papa é uma pessoa que escuta o Espírito do Senhor e procura segui-Lo com docilidade, e neste sentido nos leva sobre um caminho que é sempre novo e que nós sejamos convencidos de que seja belo, que seja de esperança”.
RV: Como é a coexistência do Papa Francisco e do Papa Emérito Bento XVI, no Vaticano?
R: “Ah, prossegue muito bem, prossegue perfeitamente. Eu diria que estamos todos contentes – a começar pelo Papa Francisco – da presença do Papa Emérito no Vaticano, com a sua discrição, com a sua espiritualidade, com a sua oração, com a sua atenção. É exatamente aquilo que ele havia prometido, tinha anunciado isto por ocasião da sua renuncia: continuar a estar no caminho com a Igreja, mas mais na forma da oração, da oferta da própria vida, da proximidade espiritual, antes que aquela da presença, digamos assim, operativa. Ao mesmo tempo sabemos que existe também uma relação pessoal, extremamente cordial entre o Papa Francisco e o seu predecessor; houve alguns momentos simbólicos em que o vimos: quando o Papa Francisco o convidou para a belíssima cerimônia nos Jardins Vaticanos para inaugurar um novo monumento, mas mais significativa ainda quando o Papa Francisco foi encontrá-lo antes de partir em viagem ao Brasil, para pedir a sua oração, a sua proximidade, o seu apoio durante aquele momento assim importante; e depois, quando voltou a encontrá-lo após o retorno, para contar a ele a bela experiência desta viagem, agradecê-lo pela sua proximidade na oração. Também eu tive a alegria de poder estar perto do Papa Bento e ver a sua serenidade, a sua fé, a sua espiritualidade, a sua afabilidade extraordinária que nos testemunhou tanto durante o tempo do seu Pontificado e que continua, mesmo se agora nesta forma nova e mais discreta, a caracterizá-lo. Eu acredito que nós sentimos, mesmo se não o vemos frequentemente, sentimos a presença do seu afeto, da sua oração, da sua sabedoria e do seu conselho, que certamente está sempre à disposição também do seu sucessor, quando o pede”.
RV: Como mudou o trabalho do Porta-voz do Papa nestes seis meses?
R: “Mas….eu sempre disse que eu não sou tanto o Porta-voz do Papa, como Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé que faz um humilde serviço de colocar à disposição as informações, os textos e as respostas para compreender bem aquilo que o Papa diz e faz. Honestamente, me parece que nestes seis meses de Pontificado do Papa Francisco, o Papa tenha feito e falado de um modo tão intenso, que eu, efetivamente – por sorte –, pude estar na sombra em relação àquele que é o protagonista, a voz principal que os fiéis querem escutar, que é a do Papa. Assim, o serviço continua a ser o mesmo: aquele de ajudar o ministério do Papa para o serviço do Povo de Deus, e este porém é um tempo em que a palavra do Papa é muito clara, concreta, bem acolhida, os seus gestos são muito intensos, muito freqüentes...Assim, digamos assim: tem muito a ser feito para segui-lo, mas fala por si mesmo”. (JE)

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O CONSENTIMENTO MATRIMONIAL


Estimados Leitores: O texto a seguir é um fragmento do Catecismo da Igreja Católica que trata sobre as questões em torno do Sacramento do Matrimônio e de sua importante vivência. A seguir, você também acompanha as responsabilidades assumidas na adesão dele e suas consequências:

1625. Os protagonistas da aliança matrimonial são um homem e uma mulher batizados, livres para contrair Matrimônio e que livremente exprimem o seu consentimento. "Ser livre" quer dizer:

–  não ser constrangido;
– não estar impedido por nenhuma lei natural nem eclesiástica.
1626. A Igreja considera a permuta dos consentimentos entre os esposos como o elemento indispensável que constitui o Matrimônios. Se faltar o consentimento, não há Matrimônio.

1627. O consentimento consiste num "ato humano pelo qual os esposos se dão e se recebem mutuamente", "Eu recebo-te por minha esposa. Eu recebo-te por meu esposo". Este consentimento, que une os esposos entre si, tem a sua consumação no facto de os dois "se tornarem uma só carne".

1628. O consentimento deve ser um ato da vontade de cada um dos contraentes, livre de violência ou de grave temor externo. Nenhum poder humano pode substituir-se a este consentimento. Faltando esta liberdade, o matrimônio é inválido.

1629. Por este motivo (ou por outras razões, que tornem nulo ou não realizado o casamento),  a Igreja pode, depois de examinada a situação pelo tribunal eclesiástico competente, declarar "a nulidade do Matrimónio", ou seja, que o Matrimônio nunca existiu. Em tal caso, os contraentes ficam livres para se casarem, salvaguardadas as obrigações naturais resultantes da união anterior.

1630. O sacerdote (ou o diácono), que assiste à celebração do Matrimônio, recebe o consentimento dos esposos em nome da Igreja e dá a bênção da Igreja. A presença do ministro da Igreja (bem como das testemunhas) exprime visivelmente que o Matrimônio é uma realidade eclesial.

1631. É por esse motivo que, normalmente, a Igreja exige para os seus fiéis a forma eclesiástica da celebração do Matrimônio. Muitas razões concorrem para explicar esta determinação:

– o Matrimônio sacramental é um ato litúrgico. Portanto, é conveniente que seja celebrado na liturgia pública da Igreja;
–  o Matrimônio introduz num ordo eclesial, cria direitos e deveres na Igreja, entre os esposos e para com os filhos;
–  uma vez que o Matrimônio é um estado de vida na Igreja, é necessário que haja a certeza a respeito dele (daí a obrigação de haver testemunhas);
–  o caráter público do consentimento protege o "sim" uma vez dado e ajuda a permanecer-lhe fiel.
1632. Para que o "sim" dos esposos seja um ato livre e responsável, e para que a aliança matrimonial tenha bases humanas e cristãs sólidas e duradouras, é de primordial importância a preparação para o matrimônio:

O exemplo e o ensino dados pelos pais e pelas famílias continuam a ser o caminho privilegiado desta preparação.
O papel dos pastores e da comunidade cristã, como "família de Deus", é indispensável para a transmissão dos valores humanos e cristãos do Matrimônio e da família, e isto tanto mais quanto é certo que, nos nossos dias, muitos jovens conhecem a experiência de lares desfeitos, que já não garantem suficientemente aquela iniciação:

"Os jovens devem ser conveniente e oportunamente instruídos, sobretudo no seio da própria família, acerca da dignidade, missão e exercício do amor conjugal. Deste modo, educados na estima pela castidade, poderão passar, chegada a idade conveniente, de um noivado honesto para o matrimônio".

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Audiência Geral: Papa renova convite ao dia de jejum e oração pela Síria. E fala da "saudade" do Brasil


Em sua primeira Audiência Geral passados mais de dois meses, o Papa Francisco dedicou sua catequese desta quarta-feira à viagem que fez ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude.

“Passou mais de um mês”, recordou o Papa, “mas considero importante falar deste evento para entender melhor o seu significado”. Antes de tudo, o Pontífice agradeceu a Deus o “presente” de poder voltar ao continente americano e a Nossa Senhora Aparecida, “importante para a história da Igreja no Brasil e na América Latina”, por tê-lo acompanhado durante toda a viagem.
Mais uma vez, agradeceu aos organizadores e às autoridades civis e eclesiásticas e a todos os brasileiros pela acolhida. “Brava gente” esses brasileiros, disse, afirmando ser o acolhimento a primeira palavra que emerge da viagem ao Brasil. Para Francisco, a generosidade das famílias e das paróquias brasileiras que acolheram fraternalmente os peregrinos, superando as dificuldades e inconvenientes, criou uma verdadeira rede de amizade.
A segunda palavra é festa. Ver jovens do mundo inteiro, saudando-se e abraçando-se é um testemunho para todos. Contudo, a JMJ é acima de tudo uma festa da fé: todos unidos para louvar e adorar o Senhor.
O terceiro elemento é a missão. “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” foi o tema da Jornada do Rio. O mandato de Cristo aos seus discípulos foi acompanhado da certeza de que estaria com eles todos os dias. “Isso é fundamental”, disse o Papa, pois somente com Ele nós podemos levar o Evangelho, sem Cristo nada podemos fazer. Com Ele, ao invés, podemos fazer tantas coisas. Mesmo um jovem, que aos olhos do mundo conta pouco ou nada, aos olhos de Deus é um apóstolo do Reino, é uma esperança para Deus! Francisco então se dirigiu diretamente à juventude:

“Saiam de vocês mesmos, de todo fechamento para levar a luz e o amor do Evangelho a todos, até as extremas periferias da existência! Este foi precisamente o mandato de Jesus que confiei aos jovens que lotavam a perder de vista a praia de Copacabana. Um lugar simbólico, a margem do oceano, que lembrava a margem do lago da Galileia.”


Os jovens que estavam no Rio, prosseguiu o Pontífice, não são notícia porque não fazem escândalos e atos violentos. Mas se permanecerem unidos a Jesus, eles constroem o seu Reino, constroem fraternidade e são uma força potente para tornar o mundo mais justo e mais belo para transformá-lo. E Francisco pediu coragem à juventude mundial para assumir o desafio de ser esta força de amor e de misericórdia para mudar a realidade. E concluiu:
“Queridos amigos, a experiência da JMJ nos recorda a verdadeira grande notícia da história, a Boa Nova, mesmo que não apareça nos jornais e na televisão. Acolhimento, festa, missão: que essas não sejam mera lembrança do que aconteceu no Rio, mas sejam ânimo da nossa vida e a de nossas comunidades.”
Na saudação aos peregrinos, aos de língua portuguesa saudou de modo especial os brasileiros, dizendo estar com saudade de sua visita a Aparecida e ao Rio. Aos poloneses, recordou que a próxima JMJ será em Cracóvia.
No final da Audiência, o Papa recordou que sábado próximo será dedicado ao jejum e à oração pela paz na Síria, no Oriente Médio e no mundo inteiro.
“Renovo o convite a toda a Igreja e viver intensamente este dia e, desde já, expresso reconhecimento aos outros irmãos cristãos, irmãos de outras religiões e aos homens e mulheres de boa vontade que quiserem se unir a este momento. Exorto em especial os fiéis romanos e os peregrinos a participarem da vigília de oração, aqui na Praça S. Pedro, às 19h, para invocar do Senhor o grande dom da paz. Que se eleve forte em toda a terra o grito da paz!”

Texto: Vatican.News

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Novo Documento Vaticano sobre matrimônio pede defender o vínculo nos casos de nulidade


Os processos de nulidade matrimonial devem se realizar seriamente, levando em conta a necessidade de reconhecer o valor sacramental do matrimônio. Esta é a mensagem e o serviço que quer prestar o novo documento “Dignitas Connubii”, (A dignidade do matrimônio), apresentado nesta terça-feira pelo Cardeal Julián Herranz, Presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos.

A  Instrução proporciona as normas que os Tribunais Diocesanos e Interdiocesanos devem observar  nas causas de nulidade matrimonial. O documento foi redigido pelo Pontifício Conselho para os Textos Legislativos com a colaboração de outros dicastérios.

O Cardeal Herranz explicou que com a instrução “Dignitas connubii” quer oferecer aos juizes dos tribunais eclesiásticos “um documento de tipo prático, uma espécie de vademecum, que sirva de guia imediato para um melhor cumprimento de seu trabalho nos processos canônicos de nulidade matrimonial”.

O documento, acrescentou o Cardeal, quer facilitar a consulta e aplicação do Código de Direito Canônico de 1983, pois apresenta juntamente tudo o que faz referência aos processos canônicos de nulidade matrimonial -à  diferença do código, que contém estas normas pinceladas em diversos lugares- e além disso, acrescenta os desenvolvimentos jurídicos produzidos depois do código: interpretações autênticas do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, respostas do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica e jurisprudência do Tribunal da Rota Romana.

A instrução “não se limita a repetir os textos dos cânones, mas sim contém interpretações, elucidações sobre as disposições das leis e das posteriores disposições sobre os procedimentos para sua execução”, acrescentou o Cardeal.

O Cardeal disse em seguida que a instrução “deve confirmar a necessidade de submeter a questão da validade ou nulidade do matrimônio dos fiéis a um processo verdadeiramente judicial”.

O Cardeal Herranz criticou a tendência a encontrar vias de soluções “mais simples”, nas quais as pessoas acreditam que se poderia resolver o problema “diretamente no foro interno, mediante a chamada ‘nulidade de consciência’, em que a Igreja não faria mais que tomar ato da convicção dos próprios esposos sobre a validade ou não de seu matrimônio”.

Outras vezes “se deseja também que a Igreja renuncie a qualquer processo, deixando estes problemas jurídicos nas mãos dos tribunais civis”, completou.

“A Igreja, pelo contrário, destaca sua competência para ocupar-se destas causas, porque nelas está em jogo a existência do matrimônio” de seus fiéis, “sobretudo levando em conta que o matrimônio é um dos sete  sacramentos instituídos por Cristo”.

Desinteressar-se deste problema, advertiu,  “equivaleria a obscurecer na prática a mesma sacramentalidade do matrimônio”, o que resultaria “ainda menos compreensível” nas atuais circunstâncias “de confusão sobre a identidade natural do matrimônio e da família em algumas legislações civis, que não só acolhem e facilitam o divórcio, mas  inclusive, em alguns casos, põem em dúvida a heterossexualidade como aspecto essencial do matrimônio”.

O Cardeal Herranz afirmou que, em um contexto de mentalidade divorcista, “inclusive os processos de nulidade podem ser facilmente mal interpretados, como se não fossem nada mais que via para obter o divórcio com o aparente beneplácito da Igreja”.

O Cardeal advertiu que para esta mentalidade, a diferença entre nulidade e divórcio “seria puramente nominal. Através de uma hábil manipulação das causas de nulidade, qualquer matrimônio fracassado se converteria em nulo”.

Em troca, os Pontífices Romanos “mostraram muitas vezes o autêntico sentido das nulidades matrimoniais, inseparável da busca da verdade, pois a declaração de nulidade não é em nenhum modo uma dissolução de um vinculo existente, mas sim mas bem a constatação, em nome da Igreja, da inexistência do início de um verdadeiro matrimônio”.

“É mais, a Igreja favorece a convalidação de matrimônios nulos, quando é possível. João Paulo II  explicou assim: Os esposos mesmos devem ser os primeiros a compreender que só na busca leal da verdade se encontra seu verdadeiro bem, sem excluir a priori a possível convalidação de uma união que, ainda sem ser ainda matrimonial, contém elementos de bem, para eles e para os filhos, que se têm que valorar atentamente em consciência antes de tomar uma decisão diferente”.

Fonte:Acidigital

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

"O lugar certo para nós é junto a Cristo que se humilhou para servir": o Papa Emérito Bento XVI na missa com ex-alunos

Encontramo-nos no caminho certo se tentamos tornarmo-nos em pessoas que descem para servir e levar a gratuidade de Deus. Isto é o essencial das palavras do Papa Emérito Bento XVI numa Missa celebrada neste Domingo na Capela do Governatorato no Vaticano na conclusão do seminário de Verão dos seus ex-alunos, mais conhecido por Ratzinger Schulerkreis. Este evento teve lugar em Castel Gandolfo subordinado ao tema: “A questão de Deus num cenário de secularização” – partindo da produção filosofica e teologica de Remi Brague, teórico francês premiado no ano passado com o Prémio Ratzinguer para a teologia. Cerca de 50 pessoas estiveram nesta Eucaristia que foi concelebrada pelo Cardeal Kurt Koch, presidente do Pontificio Conselho para a Promozione da Unidade da Cristãos e Christoph Schönborn, Arcebispo de Viena; estiveram também presentes os arcebispos Georg Gaenswein, Prefeito da Casa Pontificia e Barthelemy Adoukonou, secretário do Pontificio Conselho da Cultura, e ainda o bispo auxiliar de Hamburgo, mons. Hans-Jochen Jaschke. No Evangelho deste Domingo Jesus convidava-nos a tomarmos o último lugar. O Papa Emérito Bento XVI recordou na sua homilia que nas últimas décadas temos verificado que tantos que estavam em primeiro lugar foram, de repente, relegados para os últimos lugares. Mesmo na Última Ceia, diz Bento XVI, os discípulos procuravam os melhores lugares e Jesus apresenta-se na ocasião como Aquele que serve e veio para servir…

Wer in dieser Welt und in dieser Geschichte vielleicht nach vorn gedrängt wird, …

“Quem, neste mundo e nesta História eventualmente seja empurrado para a frente e chega aos primeiros lugares, deve saber de estar em perigo; deve olhar ainda mais para o Senhor, medir-se com Ele, medir as suas responsabilidades para com os outros, deve tornar-se naquele que serve…

O Papa Emérito Bento XVI, recordou que no Evangelho deste Domingo o Senhor nos diz quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado, “é o amor, o sim aos que sofrem e a elevação da humilhação.” Só assim, continua Bento XVI, entraremos na verdadeira grandeza de Deus. Numa homilia em que fez uma catequese sobre o sentido da humilhação de Cristo e sobre a essência do Amor de Deus. Segundo o Papa Emérito “a Cruz é um não-lugar, o lugar do despojamento, o último lugar, mas, para o qual João no Evangelho vê nesta humilhação extrema uma verdadeira exaltação.”Höher ist Jesus so; ja, Er ist auf der Höhe Gottes weil die Höhe des Kreuzes …

“Assim Jesus é mais alto; sim está à altura de Deus porque a altura da Cruz é a altura do Amor de Deus, a altura da renúncia de si mesmo e da dedicação aos outros. Assim, este é o lugar do divino e devemos pedir a Deus para que nos faça compreender e aceitar com humildade este mistério da exaltação e da humilhação.”


Bento XVI recordou ainda que sem a gratuidade do perdão nenhuma sociedade pode crescer, visto que as grandes coisas da vida como a amizade, o amor, a bondade e o perdão não as podemos pagar, são grátis porque é Deus que as dá…

Texto: Vatican.News