
Essa decisão do papa vem ao encontro da proposta do Jubileu extraordinário da Misericórdia marcado para ter iníico no dia oito de dezembro. Com este decreto percebemos mais uma vez o amor do papa pelos casais de segunda união, que sofrem por não poder receber a Eucaristia. Não se trata de anular o primeiro e sim, declarar através de um processo judicial, que aquele ato é nulo; ou seja: não existiu.
Francisco manifesta claramente a preocupação pela salvação dos fiéis, pois a igrja tem como missão “comunicar a graça divina e ajudar continuamente, de acordo com os dons e a missão de cada um, o bem dos fiéis”. Consciente disto, antes do Sínodo Extraordinário sobre a Família no ano passado, foi criada uma comissão de estudo sobre esta matéria.
É a preocupação pela salvação de todos que levou o Sucessor de Pedro “oferecer aos bispos este documento de reforma” sobre as causas de nulidade do matrimônio.
Francisco dá continuidade à obra iniciada por seus antecessores, com a finalidade de não favorecer a “nulidade dos matrimônios, mas a rapidez dos processos”.
A causa desta medida tão oportuna e necessária se dá “pelo enorme número de fiéis que, embora desejem pacificar a sua consciência, são muitas vezes desviados das estruturas jurídicas da Igreja por causa da distância física ou moral”.
Portanto, “processos mais rápidos e acessíveis”, tal como foi também solicitado no recente Sínodo sobre a Família, para evitar que “o coração dos fiéis que aguardam o esclarecimento do próprio estado não seja por muito tempo oprimido pelas trevas da dúvida”.
As causas de nulidade continuam “a ser tratadas por via judiciária, e não administrativa” para “tutelar ao máximo a verdade do sagrado vínculo”.
Para a rapidez, passa-se a apenas uma única sentença em favor da nulidade executiva, e portanto já não mais uma dupla decisão favorável. O bispo diocesano é juiz na sua Igreja particular, e o papa deposita toda a confiança nos bispos, que bem assessorados possam agilizar os processos sem manchar a doutrina do matrimônio.
Devemos entender bem que se trata de constatar as causas de nulidade e não inventar a possível existência de qualquer motivo de nulidade. Todo processo deve caminhar a favor da verdade.
No documento é reafirmada a gratuidade dos procedimentos “para que a Igreja, mostrando-se aos fiéis como mãe generosa, numa matéria assim tão estreitamente ligada à salvação das pessoas, manifeste o amor gratuito de Cristo pelo qual todos fomos salvos”. Nunca nenhum papa celebrou dois Sínodos no intervalo de um ano. A grande preocupação do papa Francisco é com massa dos pobres e a Igreja deve abrir-se aos pobres que são as periferias, ele entendeu e entende também, da massa dos divorciados que são uma categoria de pobres.
Por isso que agora estamos autorizados a buscar caminhos dar mais rapidez aos processos, sem perder a autenticidade do trabalho em sintonia com toda a Igreja.
Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá